No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, a história da professora Ana Célia Silva Araujo ganha destaque na rede municipal de ensino de Palmas. Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ela encontrou na educação uma forma de conexão com seus alunos, muitos deles também autistas, e tem feito a diferença na vida de crianças e famílias que enfrentam os desafios da inclusão escolar.
Ana Célia atua na sala de recursos da Escola Municipal Anne Frank, na Arne 14 (110 Norte), onde atende alunos no contraturno das aulas regulares. Com formação em Pedagogia e especialização em Atendimento Educacional Especializado, ela desenvolve um trabalho que respeita as especificidades de cada estudante, promovendo um ambiente de segurança, acolhimento e aprendizado sem pressões excessivas.
O que motivou a professora a atuar com alunos autistas?
O diagnóstico de TEA veio tardiamente, mas Ana Célia conta que, desde jovem, já percebia certa afinidade com colegas que apresentavam dificuldades de socialização ou aprendizagem. Essa vivência pessoal acabou moldando sua prática pedagógica, hoje baseada na empatia, no respeito às particularidades e na busca constante por metodologias adaptadas.
“Na minha infância e adolescência enfrentei situações semelhantes às que eles enfrentam. Eu mesma passei por isso. Então, adaptei minhas aulas para minimizar sobrecargas e maximizar o aprendizado”, conta a educadora.
Quais são as estratégias usadas para facilitar o aprendizado?
A professora utiliza planos de desenvolvimento individualizados, elaborados a partir da observação das principais dificuldades dos alunos. Leitura, esquema corporal, raciocínio lógico e interação social são alguns dos aspectos analisados.
Entre as ferramentas adotadas estão recursos visuais, comunicação alternativa, jogos pedagógicos e filmes infantis, além de estratégias que consideram os interesses específicos de cada criança, o que favorece o engajamento e o desenvolvimento cognitivo.
“Cada aluno é único e precisa de um olhar atento. Usamos muitos jogos, inclusive online, e materiais que eles gostem. Isso torna a aprendizagem mais natural”, explica Ana Célia.
Como as famílias percebem o impacto desse trabalho?
Para os pais e responsáveis, a atuação de Ana Célia tem sido transformadora. Marculina Bolwerk, mãe do aluno Paulo Henrique, destaca avanços significativos no comportamento e na autonomia do filho. “Com o auxílio da professora e da equipe da escola, ele teve muitos ganhos na aprendizagem e passou a participar de todas as atividades. Isso trouxe mais autonomia e confiança”, afirma.
A diretora da escola, Luciana Malagó, também reconhece o impacto do trabalho da educadora. “A professora Ana Célia é um presente. Além do belo trabalho com os alunos, ela compartilha suas experiências e ajuda outros educadores a entender melhor o universo do autismo.”
Qual o papel da escola na inclusão de estudantes com TEA?
A trajetória da professora Ana Célia é um exemplo de como a formação, a vivência e o compromisso com a inclusão podem transformar a rotina escolar. Seu trabalho reforça o papel das escolas como espaços de acolhimento e aprendizado para todos, e mostra que a presença de profissionais que compreendem as especificidades do autismo é essencial para uma educação realmente inclusiva.